O Mundo nas Mãos dos Certezudos: Quando a Ignorância Tem Foco e Fala Alto
A ironia é quase perfeita. Quem mais pensa, mais hesita. Quem mal pensa, já sai dizendo: “Isso aí é simples.
Há um fenômeno silencioso, quase cômico — se não fosse trágico — que molda o rumo do mundo: os neurotípicos, munidos de certezas inflexíveis e frases feitas, ocupam com segurança os cargos de comando, os espaços de fala e os grupos de WhatsApp da família. Enquanto isso, as mentes brilhantes, os altamente habilidosos (AHSD), seguem em sua eterna saga interna: um looping de dúvidas, nuances e questionamentos sobre tudo… inclusive sobre si mesmos.
(Spoiler: nunca é.)
A Ditadura da Certeza
Ser neurotípico hoje em dia é uma espécie de superpoder social: você não precisa se aprofundar em nada, basta repetir com convicção algo que ouviu num podcast ou numa figurinha de zap e pronto — virou referência. O segredo não está em saber, mas em parecer saber.
E como parecem.
Já os superdotados… ah, esses coitados.
Passam dias se perguntando se deveriam ou não ter mandado aquele e-mail com uma vírgula a mais. Revisitam conversas mentais em looping. Questionam a estrutura do pensamento humano enquanto a reunião segue discutindo qual cor de post-it aumenta a produtividade da equipe.
Enquanto Uns Fazem PowerPoint, Outros Estão Pensando o Mundo
Os AHSD são como antenas sem botão de desligar. Sentem demais, percebem demais, conectam tudo a tudo — o tempo todo. Mas no lugar de reconhecimento, recebem diagnóstico equivocado, cara feia e o clássico: “Você complica demais”.
Já os neurotípicos, com seu pragmatismo confiante, seu vocabulário direto e suas frases com ponto final, são promovidos. Afinal, quem duvida transmite insegurança. E isso, no mundo corporativo e nas rodas sociais, é quase um crime.
O Efeito Dunning-Kruger de Terno e Gravata
Essa comédia de erros não é só uma impressão pessoal. A ciência já descreveu isso com gosto: o famoso Efeito Dunning-Kruger mostra que os menos capazes tendem a superestimar suas habilidades. É a galera do “deixa comigo” que nunca entrega.
Enquanto isso, os mais capazes… bem, estão ocupados demais revendo se têm mesmo competência suficiente para aceitar o desafio. Eles se autoanalisam, se cobram, duvidam. Em silêncio. Sofisticadamente.
Conclusão: O Mundo Não Está Perdido. Só Está Mal Gerenciado.
A tragédia contemporânea é essa: os que enxergam longe demais são vistos como complicados. Os que só veem o próprio umbigo são celebrados como práticos.
Enquanto os AHSD questionam a natureza da existência, os neurotípicos já decidiram qual será o post de amanhã no LinkedIn com um textinho motivacional e um filtro vibrante.
E assim seguimos: pilotando o foguete da humanidade com a convicção de quem não sabe pra onde vai, mas grita confiante: “Relaxa, tá tudo sob controle.”
Spoiler final: não está.